sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Riga


Uma história curiosa: um dia eu estava jantando e o nome “Riga” me veio à cabeça. Eu nunca tinha pronunciado esse nome, não sabia sequer onde o tinha escutado. Mas de algum modo sabia que era uma cidade e que era linda. Pois foi na Wikipedia que eu descobri que Riga era a capital de um país báltico: a Letônia. Fiquei obcecado por Riga, vi fotos da cidade, desejei conhecê-la como nunca havia desejado conhecer uma (e ainda desejo).

Agora voltamos no tempo, possivelmente uns oito anos atrás. Estava eu na Desafinado (uma loja de discos) quando vi o CD do violinista Gidon Kremer. O disco se chamava “From My Home: Music From the Baltic Countries” e a capa era uma bicicleta em uma praia báltica. A praia era desolada e a bicicleta, triste. Como tristeza é comigo mesmo, comprei o disco, num ato de bravura não inédito (era caríssimo). Desde então “Báltico” pra mim é uma palavra mágica. Pois bem, nesse disco, uma das obras que mais me chamaram a atenção foi “Fratres” de um sujeito estoniano chamado Arvo Pärt.

Voltamos a novembro de 2005. Eu estava em São Paulo e no auge do meu entusiasmo por Riga. Como passava o dia fazendo coisa nenhuma, ficava no computador baixando música no Lime Wire. Foi quando a mesma vozinha (de voz, não de vó!) que me fez comprar o disco oito anos antes e que me sussurrou o nome “Riga” em um jantar começou a murmurar “Arvo Pärt”... No Lime Wire descobri dezenas de obras do cara. Ele segue uma corrente que alguns chamam de “minimalismo sacro”, com referências profundamente religiosas. Trata-se de uma obra altamente acessível, fácil de gostar, mas isso não a torna banal, há uma profundidade ali com que os outros minimalistas nem sonham.

Agora digam-me: é ou não é uma coisa fantástica? Isso de eu do nada sentir uma curiosidade que me leva a uma região do globo que nada tem a ver com a nossa? E a um compositor desta mesma região que misticamente está ligado a mim, mas com motivações tão distintas das minhas? Só sei de uma coisa: eu ainda irei a Riga.

2 comentários:

Anônimo disse...

Rafael, veja que não há nada fora de lugar: um anjo te sopra Riga ao ouvido e você me apresenta Arvo Pärt. É a corrente do destino, que vai trazendo as influências de longe, de uma ponta de terra à beira do Báltico. Deus lhe abençoe.

Leonardo Torres disse...

eu nunca soube desse interesse por Riga...