segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Coerência

Não me falta tempo para escrever a revista. Falta certeza. Eu sempre fui dos que precisam da certeza pra falar. Acumulo dados, vejo o outro lado das coisas, procuro descontaminar minhas opiniões...
Quando, por fim, peso tudo e me sinto satisfeito começo a escrever. Mas aí, enquanto escrevo antevejo as reações dos mais diversos grupos de potenciais leitores.
Vão achar que eu estou pegando no pé do Elton John (é a última vez que falo desse cara, juro... ao menos por enquanto). Que sou arrogante e me julgo sabedor da grande verdade universal?
Eu sou cuidadoso nas minhas análises e só espero que quando a revista for mais acessada, as respostas venham com essa mesma proposta e com essa mesma coerência.

***
Uma vez um leitor de revista perguntou ao Wagner Moura se ele não achava que essa linha de raciocínio do 'Tropa de Elite', que prega que a classe média tem culpa da violência urbana no Brasil, um pensamento fascista.
O Wagner (ator excepcional) deu uma resposta que até hoje eu estou tentando entender. “Talvez fascistas estejamos nos tornando nós, brasileiros, cidadãos carentes de uma política de segurança pública, que vemos naqueles policiais honestos, bem treinados, mas desrespeitadores dos direitos humanos, a solução para o caos em que estamos metidos”. Peraí: o brasileiro está se tornando fascista porque carece de uma política de segurança pública? Ou porque confia na polícia de elite? E isso é fascismo? Que diabo é isso?! Dá pra passar horas nessa frase... Mas não precisa nem ir tão fundo, a discussão já morre antes de começar.
O problema está na palavra 'fascista'. Para eles é apenas um xingamento, uma palavra com carga negativa que pode ser usada à vontade para se desmoralizar alguém.
Só que 'fascista' tem um significado bem claro. Não falo nem do significado literal da palavra, mas das conotações. Com o tempo o termo passou a designar qualquer sistema de governo que utilize a propaganda e a censura para reprimir todas as formas de oposição, que promova a xenofobia, o ultranacionalismo e uma espécie de 'divinização' do estado. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fascismo).
Agora, o que é que isso tem a ver com a posição do filme sobre a responsabilidade em relação à violência urbana? É como chamar um motorista que lhe cortou no trânsito de 'usurpador'! Ou um fumante de 'ateu'! Um ladrão de 'homófobo'!
As discussões precisam ser mais gabaritadas para ter validade. No dia em que nós começarmos a entender isto e passarmos a tentar compreender melhor todas as situações, as soluções para qualquer problema surgirão de maneira mais rápida, honesta e efetiva.

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