Post apelativo n. 1.
Sem comentários.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
domingo, 29 de março de 2009
João Gilberto - Pra que discutir com madame?
segunda-feira, 23 de março de 2009
Novamente Nelson Freire
É o maior pianista brasileiro. No vídeo acima ele tinha 21 anos e estava começando sua carreira internacional. Tocar essa peça deve ser um inferno, mas ele parece não saber disso.
Os grandes pianistas do mundo o admiram, Martha Argerich disse que o primeiro grande susto que tomou foi quando viu ele tocar. Tomem um susto com esse singelo estudo de Mozkowski.
Cliquem no vídeo duas vezes para entrar diretamente no YouTube e ler os comentários babantes.
Valentina Lisitsa toca Rachmaninoff
Uma das críticas mais comuns que se fazem a pianistas da nova geração é: "Fulano é técnico demais, toca tudo muito rápido e sem sentimento". Às vezes isso é verdade, mas é meio ridículo falar um negócio desses. Esse estudo de Rachmaninoff é perfeito para um pianista exibir técnica sem se preocupar em fingir que possui um dom maravilhoso de fazer as pessoas chorarem.
A música para piano de Rachmaninoff é de lascar. Tocar esse estudo é definitivamente um ato de suicídio. E dos mais violentos.
Reparem nessa bruxa loura tocando. Bruxa no bom sentido. Loura também. Dá vontade de dizer "arre égua".
Clair De Lune
Vejam que beleza. Uma cena excluída do filme Fantasia, da Disney. Falem o que quiserem da Disney e do capitalismo americano, mas esse vídeo é o cúmulo da delicadeza. A música é Clair de Lune, da Suite Bergamasque de Debussy, orquestrada pelo maestro Leopold Stokowski.
O que não é arte
Cena 1:
Sarah está caída e indefesa. O vilão aponta uma arma, faz uma piadinha final e dá uma risada macabra. A câmera dá um close nos olhos dele, outro nos olhos dela. A música cresce, a tensão aumenta até que se ouve um estampido – PEI... E o vilão cai morto. É quando descobrimos que o tiro veio de Jack, o mocinho, que até então todos acreditavam estar morto.
Cena 2:
Você está num teatro. O ator está num monólogo desenfreado, a cada P e B ele cospe um litro de saliva. Sua voz vai aumentando, seu rosto ficando vermelho, a veia no seu pescoço parece que vai saltar... Então ele pára. Estende a mão para a frente, como se quisesse alcançar uma coisa imaginária e continua a falar, mas agora sussurrando, como se toda a sua raiva tivesse se dissipado.
Cena 3:
Você está num show. Chega o momento do solo de guitarra do famoso fulano de tal. Ele desfila suas notinhas com uma destreza invejável, sua mão passeia como um camundongo pelas cordas. Num dado momento ele começa a repetir uma seqüência de notas enlouquecidamente. Repete aquela frasezinha uma, duas, três, dez vezes. E o público começa a aplaudir, só parando quando ele segue em frente.
Se você, meu caro amigo, nunca viu pelo menos uma dessas cenas, você deve ser de outro planeta. As três cenas contêm o grande pilar da indústria da arte e do entretenimento: bem vindos ao maravilhoso mundo da previsibilidade.
A grande sacada de quem tem uma carreira comercialmente bem sucedida é essa. Eles entenderam que o público precisa ter a sensação de que conseguiu prever o desfecho daquela cena, a próxima nota daquela música etc.
O prazer em escutar música está diretamente ligado à capacidade que um cidadão tem de antever os próximos compassos. Funciona assim: todos nós, mesmo os que não são músicos, temos um vocabulário musical interno. Mesmo que não saibamos o nome da próxima nota, sabemos qual ela deve ser. Isso porque desde crianças nós fomos interiorizando a linguagem musical. Quando a música foge dessa zona de conforto, sentenciamos logo: é feia. É por isso que a maioria das pessoas gosta de músicas “grudentas”, com um refrão fácil. Essas músicas são mais previsíveis. Ou será que quando você ouve uma canção sertaneja-romântica ou uma balada pop você não se pergunta: eu já ouvi isso antes? Ouviu. Com outra letra, em outro ritmo, com outros instrumentos, mas as idéias musicais utilizadas são sempre as mesmas.
Agora entra uma questão delicada, e eu lhes peço que não interpretem mal. É que quem gosta de música erudita, geralmente adquire um ouvido mais apurado. Não estou falando do ouvinte ocasional, aquele que acha linda a “musiquinha do gás”, mas aquele que escuta com curiosidade e que se propõe a se concentrar naquilo. Cientificamente falando, eles desenvolvem um tipo de memória de curto prazo que lhes permite identificar padrões menos óbvios. O prazer advém da mesma coisa, identificar padrões, mas a música clássica exige mais do ouvinte.
O mesmo se pode dizer de quem lê muito ou de quem admira o cinema não comercial. Estas pessoas tentam escapar do previsível e acabam tendo uma atividade cerebral mais saudável naquele momento. Isso não quer dizer que sejam mais inteligentes do que outras. Eu mesmo conheço muito imbecil que gosta de música clássica e muita gente boa que se satisfaz em assistir “Transformers”. Mas é bom que nós saibamos a diferença entre arte criativa e arte comercial. Se permitirmos que a arte comercial se sobreponha, vamos acabar minando nosso senso crítico, e vamos acabar eliminando os artistas que tentam produzir um conteúdo mais complexo.
Se quiser saber mais sobre o assunto leia o livro Música, Cérebro e Êxtase (Como a música captura nossa imaginação), de Robert Jourdain.
sexta-feira, 13 de março de 2009
A música mansa e artesanal dos Argonautas
É um post propaganda de mim mesmo, mas só porque eu acho que o que nós temos a mostrar não é um vídeo engraçado, uma celebridade sem calcinha ou uma lista qualquer. O que nós temos a mostrar é nossa música, e esperamos que vocês gostem.
O recomeço
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Argonautas tocam Tom Jobim - Surf Board
Uma música instrumental do Tom Jobim, também do show "Argonautas Convidam", em julho de 2007.
Argonautas e Fhátima Santos - A Voz do Morro
Show "Argonautas Convidam", que fizemos em julho de 2007. Convidamos a Fhátima Santos para cantar "A Voz do Morro", de Zé Keti, com a gente. Essa mulher canta tanto que estremece o teatro.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Bach - Toccata e Fuga BWV 565 - Karl Richter
A Tocata e Fuga em Ré menor é uma peça batida. A "músiquinha do Fantasma da Ópera". Mas senhoras e senhores, isso é Bach, talvez o maior compositor da história. E esta peça é tão genial que você pode passar 10 anos escutando apenas ela sem se cansar.
A Tocata, uma forma de composição bem livre, é dramática e solene, com pausas de efeito e cores eloqüentes.
Já a Fuga (que começa aos 3 min. e 11 seg.) é o oposto, absolutamente técnica e complexa, mas com uma atmosfera até mais leve.
O órgão é um instrumento poderoso, complicado e belo. Nesse caso tem 4 teclados e mais o pedal, que faz os sons mais graves. No começo vocês não vão entender o cidadão prostado ao lado do organista, mas ele cuida das válvulas que modificam o trimbre do instrumento. Profissão inglória:
- O que é que o senhor faz?
- Eu manipulo o órgão de Herr Richter.
Ainda sobre Stockhausen
É um cara radical, pelo que eu ouvi falar. Daqueles vanguardistas que simplesmente invalidam qualquer coisa que seja contra sua opinião. Nesse texto dá pra ter uma idéia disso, ele sugere que o que não é de vanguarda, é retrógrado e medíocre. Assim é muito bom! Se você não gostar da música do cara, você é idiota! Mas ele é um compositor completo, sua formação musical deve ser impecável, é com as suas opiniões sobre estética da arte que eu não concordo. Pelo menos com o que li e ouvi até agora.
Bom, eu ainda vou escrever um artigo mais esclarecedor das minhas opiniões sobre vanguarda e modernidade, mas por enquanto dêem uma olhada no texto. É curtinho.
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2937,1.shl
Psicologia
"Eu quero que vocês fiquem sabendo que para qualquer problema que tiverem, vocês têm um amigo aqui que pode lhes ajudar."
Uma vez meu irmão me contou de uma que foi falar para a turma dele. Mesmo discurso, aquela tentativa de desmitificar a profissão e ao mesmo tempo de ganhar a cumplicidade dos alunos. Lá pelas tantas ela soltou uma frase inesquecível:
"... porque psicólogo não é médico de doido. Médico de doido é psiquiatra."
sábado, 8 de dezembro de 2007
Stockhausen
Mas magnífico Rafael, você não estuda composição? Como é que alguém estuda composição sem estudar Stockhausen?
Eu não disse que não vou estudar isso. Mas meu interesse musical morre onde os compositores começam a colocar a música em segundo plano. Quando o cara faz uma peça para quarteto de cordas e helicópteros, isso não me atrai. É engraçado, é "doidinho", é "moderno", é "cabeça", mas tem significado? Para mim não. Se tem para você, tudo bem. É que eu já vi muita gente esculhambar Beethoven, desprezar Bach e dizer que música só é música quando "desconstrói" ou sei lá o quê. Stravinsky e Bartók desconstruiram, mas com cuidado. Tiraram alguns tijolos e fizeram seus prédios em cima. Isso me convence. Mas deixar tudo em ruínas e tacar helicópteros em cima, não.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Beatriz - Monica Salmaso e Pau Brasil
Mônica Salmaso é uma cantora impressionante. Ela cantando Beatriz (Edu Lobo e Chico Buarque) é a coisa mais perfeita desse mundo. Pega você pela mão e lhe leva ao sétimo céu. E eu descobri como é que ela faz isso. É que ela tem uma glândula especial que produz doce de leite nas cordas vocais. Assim, também, até eu!
Arvo Pärt - Silouans Song
Um pouco da música do Arvo Part. Tudo bem, quando o cara faz música assim, com esses acordes, essas cores escuras, esse tom triste, é fácil a gente dizer que aquilo é profundo. Mas nesse caso é mesmo. É música minimalista, mas é um minimalismo interessante, que não se pauta na repetitividade, mas na economia de recursos, simplesmente.
Eu escolhi um exemplo só de áudio, que é pra vocês escutarem de olhos fechados... Mentira, é porque eu não achei um com vídeo. Mas vejam que beleza.
Riga
Uma história curiosa: um dia eu estava jantando e o nome “Riga” me veio à cabeça. Eu nunca tinha pronunciado esse nome, não sabia sequer onde o tinha escutado. Mas de algum modo sabia que era uma cidade e que era linda. Pois foi na Wikipedia que eu descobri que Riga era a capital de um país báltico: a Letônia. Fiquei obcecado por Riga, vi fotos da cidade, desejei conhecê-la como nunca havia desejado conhecer uma (e ainda desejo).
Agora voltamos no tempo, possivelmente uns oito anos atrás. Estava eu na Desafinado (uma loja de discos) quando vi o CD do violinista Gidon Kremer. O disco se chamava “From My Home: Music From the Baltic Countries” e a capa era uma bicicleta em uma praia báltica. A praia era desolada e a bicicleta, triste. Como tristeza é comigo mesmo, comprei o disco, num ato de bravura não inédito (era caríssimo). Desde então “Báltico” pra mim é uma palavra mágica. Pois bem, nesse disco, uma das obras que mais me chamaram a atenção foi “Fratres” de um sujeito estoniano chamado Arvo Pärt.
Voltamos a novembro de 2005. Eu estava
Agora digam-me: é ou não é uma coisa fantástica? Isso de eu do nada sentir uma curiosidade que me leva a uma região do globo que nada tem a ver com a nossa? E a um compositor desta mesma região que misticamente está ligado a mim, mas com motivações tão distintas das minhas? Só sei de uma coisa: eu ainda irei a Riga.
E bunda de anjo, pode?
Minha mãe tinha uma coleção de livros de bolso da Editora Abril, cada um dedicado a um pintor. Tinha uma biografia e muitas obras comentadas. Depois de ler, fiquei com a impressão de que a história da pintura passava direto do barroco para o modernismo. Ao contrário da música, que tem um número impressionante de representantes no século XIX, na pintura eu só ouvia falar de Goya e Delacroix.
Mas um dia minha mãe me pediu para descobrir quem era o pintor da imagem da capa de uma Veja antiga. A revista não fazia nenhuma referência à autoria da obra. Depois de um tempo, graças às minhas incríveis habilidades investigativas, acabei descobrindo o nome do danado. William-Adolphe Bouguereau, um artista acadêmico francês. É dele essa pintura aí ao lado. E também essa, que eu coloquei no painel da capa do blog.
É impressionante a sutileza do trabalho desse artista, ele sozinho já colocaria a pintura romântica no mapa. Mas ele não está sozinho. Pesquisando sobre arte acadêmica descobri uma lista de pintores tão geniais quanto ele. Dêem uma olhada, a vida fica mais legal depois disso.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Peraí, deixa eu me explicar
Ou não, ninguém tem obrigação de gostar de nada, talvez o que você busque em música seja simplesmente diversão, distração, balanço, e eu não vejo nada de errado nisso. Mas se você é assim, tente, às vezes, dedicar um pouco do seu tempo a uma música mais reflexiva, isso faz bem. E não me venha com essa de "eu não tenho conhecimento suficiente para apreciar isso". Não tem que entender, basta ouvir. Se não gostar, ouça outra, são 700 anos de história que a gente encontra facilmente na própria intenet. Também se não quiser, não escute, ora!
É que eu tenho esse impulso de divulgar. Sabe quando você lê um livro e acha tão bom que quer que todos os seus amigos o leiam? Na música erudita tem coisas que me impressionam tanto que eu quero que toda a humanindade conheça. Com algumas excessões...
O Dilema
"Meu caríssimo Rafael
Faço um humilde apelo de que homenageemos a mulher com imagens de moças bonitas vestidas, que na net não faltam (...) se eu creio firmemente num criador ao qual presto contas e a quem não posso ofender, a mão se recusa a ir adiante e a vontade deve ceder.
Sei que isso te obrigaria a mudar um plano original e ferir o plano editorial de tua revista. Se não for possível atender a meu pedido nem precisa se explicar é só dizer "não" e nossa amizade continua como antes. Sei que você deve levar as mão à cabeça agora: "por que a vida é tão difícil!"
Minha resposta:
"Meu caro, estou pensando na sua proposta. Confesso que quando li seu e-mail achei graça. Não por deboche, mas por julgar que a questão era mais simples do que você parecia achar. Quebrei minha cara. Ela foi adquirindo proporções monstruosas na minha cabeça. Eu tô até assustado!
Por um lado não me custaria nada simplesmente não postar mulheres nuas. Ou melhor, fotos. Postar mulheres nuas ainda não é possível. Mas por outro eu começo a pensar coisas. Trata-se de uma questão pessoal sua que eu compreendo perfeitamente. Mas eu não posso abraçar a sua causa. Simplesmente porque não faz o menor sentido pra mim.
Vamos entrar um pouco na velha conversa sobre isso ser ou não uma exploração leviana do corpo feminino. Uma foto de um inseto ou do Cristo Redentor é o quê? Uma exploração? Por quê? Porque eles não tem como se defender da exposição? Mas se defender de quê? Para mim o corpo feminino e a estátua têm o mesmo valor estético (tá, confesso, tenho minhas preferências). A imagem de uma mulher nua não me levanta questionamentos, não me traz nenhuma carga moral. Pode até trazer dependendo do caso, mas a imagem de um trator também pode. Depois de meia hora de discussão concordaríamos que aquilo instiga o homem para o ato sexual. Mas e aí? O sexo não tem também valor moral negativo pra mim. Não tem nada de errado. Pelo menos entre dois adultos.
Aceito que você me dê esse ultimato como espero que você aceite minha resposta. Mas eu sempre achei que o ultimato tem algo errado. Não se trata de uma simplificação do ditado “os incomodados que se retirem”. Se os incomodados têm um bom argumento, sua opinião deve prevalecer e os “incomodadores” é que têm que se retirar. Mas você sabe que pra mim o seu argumento não serve. Serve pra ti, Helder. Tu pode até acreditar que essa é a grande verdade divina e olhar para mim com a mesma pena com que eu olho pra um fã da Madonna, mas eu sinto que posso explicar concretamente os motivos pelos quais a música que eu admiro é melhor que a dela. E posso explicar sem pedir para a pessoa simplesmente acreditar
E aí tem outra questão. Se você não gosta não olhe! Você sempre vai ter essa opção. Você não está escrevendo sobre aquilo e nem divulgando. Seria como sair de um cinema porque tem um casal se esfregando lá dentro. Você poderia, teoricamente, conviver com isso sem se sentir tentado a olhar, mas não pode obrigar os outros a lhe seguir. Enfim, a minha atitude lhe dá liberdade, enquanto a sua me gera obstáculos. Pois lembre-se que as fotos serão pautadas pela qualidade plástica, não pela dose de erotismo. O vulgar não terá vez, e o erótico deixará de ser erótico.
Não me custa nada aceitar isso, mas se tu começar a fazer essas coisas, daqui a pouco vai dizer que tem que se desligar de mim pelo simples fato de eu manter relações sexuais sem propósitos reprodutivos. Você dirá que é aí que entra o bom senso, que você jamais faria isso e tal. Mas se você pensar bem a questão é a mesma.
Enfim, é uma discussão estéril. Isso nunca vai a lugar nenhum, mas por enquanto temos um problema prático nas mãos. Uma escolha. Cedo eu ou cede você. Um religioso que se preze jamais cede, lógico, o que deixa a decisão toda pra mim.
Ainda estou pensando, confesso que meio perdido. Mas vamos com calma que tudo se ajeita. Só o que me importa é saber que qualquer que seja a minha decisão a nossa amizade continuará intacta. Com isso eu posso contar, não é?
Grande abraço e que a luz caia sobre nós.
Rafa"
Perguntei a ele se poderia publicar os e-mails, pois acho que geram um bom debate. Ele autorizou. Contanto que eu não publique foto de mulher pelada.Não perca os próximos capítulos desta dramática novela e veja qual será minha decisão.
Argonautas
Quem é Alan Mendonça
Margarida Flor
Será que o amor é uma ave viajante?
As águas de um rio, uma vazante?
Pode o amor se fazer brincante?
Ou será que o amor só é amor se for distante?
Será que o amor é um cavaleiro andante?
Será que o amor partiu numa volante?
Será que o amor se amarra num barbante?
Será que o amor é pequeno ou é gigante?
O amor suplica ou grita feito algum mandante?
Será que o amor dura muito no durante?
Pode o amor não ter corpo nem semblante?
Pode o amor aparecer e sumir cintilante?
Alan Mendonça
Alan Mendonça é um poeta cearense que tem muito a ver com a identidade dos Argonautas. Ele esteve presente desde a criação do grupo e a sua poesia nos ajudou a criar nossa identidade artística. O poema acima foi musicado pelo Ayrton Pessoa, assim que der eu mostro pra vocês. A música, não o Ayrton.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Ravel 4 - Daphnis et Chloé
Não dá pra falar de Ravel sem mencionar sua orquestração. A maneira como ele trata os instrumentos individualmente e como ele trabalha as infinitas combinações, criando massas sonoras inigualáveis, tornaram-no uma verdadeira lenda.
Se escutarmos apenas as flautas ou os violinos, a peça não faz sentido. É quando juntamos todos os instrumentos que ocorre a mágica.
Essa peça, que é o parte do balé Daphnis et Chloé descreve uma alvorada. Mas é a alvorada mais bonita que eu já vi. Vladimir Ashkenazy regendo a Orquestra Sinfônica NHK, do Japão.
Ravel 3 - La Valse (parte 2 de 2)
Aqui a parte final de La Valse. Nelson Freire e Martha Argerich, que conhecem a peça até de trás pra frente.
Ravel 3 - La Valse (parte 1 de 2)
La Valse descreve um baile, é uma homenagem de Ravel às valsas de Johan Strauss. Ela começa do silêncio, caótica, como uma memória antiga, e aos poucos vai ganhando corpo. À medida que progride, vai sendo tomada de um frenesi, uma selvageria que nunca cessa. Se música pode ser pungente, aqui está um exemplo acabado.
Ravel-Gaspard De La Nuit - Argerich 1/3
Já que falei de Ravel, vou mostrar um pouco mais dele. Esse vídeo mostra a genial Martha Argerich tocando Ondine, o primeiro movimento de Gaspard de la Nuit.
É uma obra impressionante! Vai muito além da simplicidade obsessiva do Bolero. Reparem na escrita para piano. É música insubstancial, feita não de notas, mas de fumaça. Ele faz uma referência à água passando por um riacho, com suas pequenas cascatas. Esse efeito, que muitos chamaram de 'impressionista' só pode ser atingido por um compositor muito familiarizado com o piano. E só pode ser tocada com tanta delicadeza por um pianista muito familiarizado com a obra de Ravel.